" Então Zeus cortou o pai Cronos em mil pedaços
e o atirou às profundezas do Tártaro.''
O Tártaro é um abismo infernal onde, na mitologia grega, diz-se estarem aprisionados os titãs (monstros horrendos e criaturas maléficas) até o fim da eternidade. E quanto a nós, meros humanos, também não velamos o sono de monstros interiores? Pense, lembre-se com fervor e amargura daqueles momentos em que a raiva ou qualquer outro sentimento negativo te dominou e nem você mesmo se reconheceu. Pense quando teve aquele pensamento tão cruel que levou os dedos aos lábios para colher um pouco de veneno. São seus titãs interiores. Eles vivem em você, em algum abismo escuro e pútrido dentro da sua mente. Presos, contidos e borbulhando ódio. Clamando por liberdade. São os mais diversas e pavorosas bestas de formas peculiares. Acredito eu que o ciúme seja um ser colossal dotado de fileiras de dentes e olhos vermelhos como brasa. Ele provavelmente tem asas, pôs, como vive fantasiando, seus pés jamais tocaram o chão. E seu guincho de ciúme e cólera talvez seja uma poderosa arma ensurdecedora e medonha. Já a vaidade eu diria como uma bela mulher metade monstro, como uma Medusa da vida mesmo. Então ela se admira em seu pequeno espelho esférico e não se contenta com sua atual aparência. Eu a descreveria com garras enormes que dilaceram o que vêem pela frente e olhos flamejantes. O medo certamente é um homem feito de sombras que se camufla na escuridão, vagando silenciosamente por corredores e janelas. A culpa, um monstro terrível, são pares de braços que terminam em imensas e afiadas garras na ponta dos dedos que dilaceram incansavelmente as próprias costas, peitos e pernas. Há muitos outros, tais como a vingança, luxúria, mágoa, cólera, ambição, etc. Eles existem há muito, muito tempo, mas mantêm-se aprisionados no Tártaro, cabe a você não permitir que escapem.
Afinal, quem nunca ouviu o guincho estarrecido de mau agouro de um Ciúme ecoando dentro de si ?