quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Viver Morto.



No escuro amigo é onde se encontra,
abraçada ao vazio interior com todas as forças
derramando lágrimas como a criança deprimida que é.
Ausencia de mãe, algum desespero incompreendido
e o medo a guiar-lhe os poucos passos.

Não lhe falta amor, não lhe falta carinho,
porém o sopro do dia fora arrancado do peito
deixando uma depressão soturna que virá acompanha-la para sempre.
Por isso se apega ao escuro, seu amigo fiel
e na solidão se sente protegida do mundo lá fora tão impietuoso.

Matando o tempo com qualquer cultura inutil,
poucas coisas lhe despertam o interesse realmente.
Tão ferida por dentro, mas ainda angelical por fora,
ninguém perceberá sua amargura
e ela permanecerá gritando por anos num silêncio vedador.
O corpo é o caixão da alma.

Deus, eu estou morta?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

auto-degradação


  "Eu sou uma amargura doce: o quão inspirada, o quão vazia.", esse é o primeiro verso de um pequeno poema meu e revela parte de como me sinto. O sentimento mais belo do mundo, o pelo qual existimos e vivemos, às vezes [várias vezes..] também pode ser um veneno doce que causa dependência: ao mesmo tempo que é flores e cores, é trevas e solidão, é alegria e tristeza, vida e morte. E definhar por tal sublime sentimento [que deveria ser tão lindo] faz-me cada vez mais amarga com o passar dos dias.. com mais vontade de fechar a cara e me isolar do mundo em meu quarto, escrevendo poemas ao lado de minhas gatinhas.. E ao mesmo tempo sinto uma enorme vontade de me destruir cada vez mais, afundar mais profundamente no abismo.
  Na decadência flamejante de uma tortura chinesa é aonde desejo estar agora, sendo o meu próprio Carrasco e  rasgando meu corpo, com ódio e violência. Quero que os princípios e a sanidade por um dia vão para o espaço e afundar na região mais abissal e primitva de minha mente doentia. Destruir a mim mesma.
  Às vezes consigo, por alguns longos instantes, entender os que caem bêbados pelas ruas totalmente entregues à auto-degradação ou os que passam noites inteiras forjando "alegria" e euforia em baladas idiotas na companhia [igualmente desprezível] de "amigos" farreiros. São pessoas destroçadas que precisam de alguma forma liberar sua dor, a auto-degradação é perfeita para isso, é a hora em que o amor próprio é esquecido e o coração fragilizado nescessita de mais dor,  para ao menos terminar de se destruir.
  Oraa, pro diabo com tudo isso! E que se ferre de uma vez a moral, a decência, os princípios e a vida.