sábado, 11 de fevereiro de 2012

Blue.

Vou contar-lhes sobre minha viagem à um planeta cinzento onde todas as pessoas eram tristes e solitárias. E havia um menino, lembro-me do fosco em seus olhos, que me chamou atenção pelo seu estranho hábito de subir ao farol nos rochedos e observar a calmaria quase desesperadora do mar. Tudo era calmo e lento naquele mundo, tudo era arrastado e interminável. Ele prosseguia em seu seguro isolamento, horas e horas a fio, até que a noite caísse-lhe sobre os ombros e fosse tempo de regressar ao escuro do quarto, para mais um pesadelo. Todas as manhãs ele dizia abrir os olhos sem nenhuma vontade de erguer-se para levantar, não valia a pena viver naquele mundo triste. Mesmo o nascer do sol, naquele clima invernal, não lhe traía ânimo para prosseguir. 
Fazem dez meses desde que voltei para casa, mas a lembrança daquele planeta cinzento permanece clara em mim como um livro a qual muito nos apegamos. Senti da tristeza daquele povo pálido e sem vida, compartilhei do martírio que sentem. Andei por aqueles campos áridos por onde só se via a dor. Mas não esquecerei, em especial, daquele menino de cabelos negros como a noite e olhos foscos que todas as tardes punham-se a observar o horizonte azul-escuro com uma ligeira e escassa esperança no coração. Ele, assim como todos os outros, não viviam de fato; apenas carregavam a existência como uma bola de ferro através dos anos.
Ele era triste..."

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