quarta-feira, 25 de julho de 2012

A viúva morta


As rosas há muito já se tornaram pálidos cadáveres, frágeis como lembranças antigas. As roupas marcadas por traças cheiram a tempo. Ela ainda está lá, deitada entre os espinhos, jogada aos pés do túmulo. Seus olhos permanecem fechados, não comtempla o mundo, mantêm-se ávida ao passado. A pele branca adquiriu um tom fantasmagórico, intocado. Ela permanece lá, até hoje; deitada entre os espinhos. Não se sabe se viva ou morta. Ela é como uma relíquia, uma recordação dolorosa de um tempo triste. Talvez a viúva deva ser enterrada junto com a lembrança pela qual chora.

Então a última pá de terra encobriu seus olhos fechados, inexoráveis.

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