domingo, 3 de março de 2013

O Pássaro Azul


Porque em um dia, em um mísero dia
                                   tudo vai dar certo.

    " Atrás de uma floresta, em uma cabana isolada do mundo, vivia um caçador. Era astuto e voraz, jamais errara um alvo. Por isso, a parede da sala era ornada de cabeças empalhadas; alces, veados, pumas. Ele se orgulhava de exibi-las como troféus de sua bravura, recompensas por seus sacrificados esforços. Porém havia um animal que, há muito, o caçador mirava com sua espingarda, embora jamais tenha conseguido apanhar. Não era um animal imenso e amedrontador, nem tampouco sanguinário e perigoso. Pelo contrário, era pequenino e inofensivo. Porém, veloz. Tratava-se de uma espécie raríssima e em extinção, um passarinho azul, o último da espécie Felicidade. Todos os dias, no mesmo horário, o pássaro parava no beiral da janela do caçador e este tentava mirá-lo. Mas, na hora do tiro, o pássaro já havia ido embora. O caçador se tornava cada vez mais deprimido, o orgulho ferido. Já tentou procurá-lo pela floresta, nas árvores, nos arbustos, nada. Era como se o pássaro se escondesse até do mundo. Mas, na mesma hora, estaria lá no peitoril da janela.
    Um dia, muito cansado e abatido, o caçador partiu sua espingarda em duas e jogou-a fora. "Eu jamais pegarei esse pássaro", disse a si mesmo e deitou-se na cama para dormir. Poucas horas depois, foi acordado por um som baixo e agudo, quase como piares de ave. Seria possível? Abriu os olhos vagaroso e se deparou com a cena mais emocionante de sua vida: o pequenino pássaro azul pousado em sua testa, olhando-o curioso de cima. Estendeu a mão com cuidado e tocou o animal, que permitiu. Conseguiu segurá-lo e acaricia-lo, não tinha vontade de prendê-lo, muito menos de matá-lo. Então o caçador soube que jamais esqueceria o dia em que pegou nas mãos um pássaro chamado Felicidade."




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