sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Reflexo


Eram quase 3h da manhã quando eu resolvi me arrumar para dormir, mas quando olhei no espelho, não foi meu rosto juvenil o que vi e sim o retrato cansado e trágico de meu interior: minha própria face, meu próprio corpo, porém destruídos. Minhas órbitas estavam vazias e negras, os olhos haviam sido arrancados à força para tentar aliviar a dor de "certas visões perturbadoras", a pele era cinza-azulada e machucada, o cabelo sem nenhum brilho e as roupas em trapos de tantos e tantos surtos de raiva e tristeza. Só havia vazio naquele olhar, tristeza naqueles lábios, solidão naquela aura e, principalmente, rios e rios de intenso amor naquele coração. Foi quando percebi que aquilo que eu via não era apenas como me sentia, e sim, minha verdadeira e definitiva imagem, a bonitinha que vejo habitualmente é a falsa, impostora. Eu queria ser uma flor só para poder murchar de amor.

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