sexta-feira, 2 de setembro de 2011

In The Shadows


"Eu estive buscando
eu estive esperando
nas sombras do meu tempo "
[Gregorian]

Em um mundo paralelo ao nosso, mas distante do toque das nossas mãos e do alcance dos nossos sonhos, onde céu é de um eterno negro e o solo árido como um coração de gelo, o vento uiva soturno por entre galhos secos e buracos nas paredes frágeis, e belas flores sempre têm espinhos. Atravessando o bosque peçonenhento depara-se com uma colina turva, ali ergue-se um castelo de obsidiana negra reluzente como uma gota de sangue suicida, gárgulas grotescas adornam-lhe o exterior e arcaicas estalactites pendem de suas torres, no fétido lago abaixo, dezenas de cadáveres apodrecidos, tragados pelo tempo. No seu interior as paredes são todas ungidas de uma tonalidade macilenta e decadente, o assoalho é gasto e quebradiço, não há móveis nem adornos, nem espadas, nem , as janelas foram quebradas e as cortinas rasgadas. Pelos quartos e pelos corredores perpetua um silêncio espectral interrompido apenas pelo suave movimento de tecido arrastando no chão; há que - mesmo em condições decadentes - um ser distinto que jamais revela sua face por detrás dos véus soturnos, e caminha vagaroso pelas torres e corredores do castelo oculto em mares de angústia. Alguns o acreditam ser um espírito, outros até duvidam de sua existência, porém todas as noites o ser solitário pára em frente à sacada e põe-se a admirar uma rosa alva no derradeiro do bosque. Era tanta a sua beleza que nenhum olho, humano ou não, daquele mundo obsoleto haveria de contemplar algo tão explendoroso. Muito ele queria resgatá-la daquele mar de morte e trazê-la para dentro do castelo onde poderia admirar-lhe a beleza todos os dias, e seu vazio seria preenchido. Mas belas flores têm espinhos...

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