terça-feira, 26 de junho de 2012
sábado, 23 de junho de 2012
Navegar é preciso
''Caminhando contra o vento
sem lenço, sem documento..Eu vou..''
[Caetano Veloso]
É preciso deixar o passado para viver o presente. É preciso mover-se para planejar o futuro. É preciso arriscar para se escolher o caminho certo. E, mesmo que não resulte no esperado, sempre há novas direções a seguir pelo mar. E agora nós somos livres.
I loved you.
Então têm se tornado gradativamente mais tênue, enfim. Como se a cada dia o fardo da tua lembrança se tornasse um tanto mais leve e tua imagem, menos nítida. De tua voz não recordo nem resquícios, seu semblante está nublado. Apenas seus olhos, seus duros olhos, perpetuam em minha mente. Algo relacionado a sonhos e medo, é lá onde guardo o que esta de ti. Medo. Como sente um animal muito já surrado à simples menção de um movimento de mãos. És algo doloroso e pesado de se carregar; Como uma mãe que guarda a boneca que comprou para a filha que nunca veio, eu ainda guardo a ti em meu íntimo. Um sonho que não pude alcançar.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Nudez.
" Minha matéria é o nada.''
[Carlos Drummond de Andrade]
Não cantarei amores que não tenho, disse o Poeta. E era como se escrevesse para si mesmo, não para además leitores. Foi verídico sobre seu atual estado - quem sabe, permanente - , sincero para com seus sonhos e expectativas. Ele apenas expôs sua verdade crua, sua alma nua. Nudez. Há quanto tempo não disponho de uma conversa franca para comigo mesma? Talvez eu nem saiba o que isto significa. Eu, sentada no meu trono de mentiras, monarca de um reino de farsas. Por tantas vezes desconheci o que encarei perante o espelho, quando olhei dentro dos meus próprios olhos. Tristeza, solidão, vazio.. e lá se vai minha alma nua. No que eu me tornei? Há lama em minhas mãos. Já não há mais aquela terna voz a clamar no coração, pois não há mais quem me faça amar. E a razão é algo tão frio.. Se o amor move o mundo, estou eu estacada em solo infértil, admirando o nada. A longevidade do vazio, planícies de aridez e eco. Na nudez da sinceridade todos descobrirão: minha matéria é o nada.
domingo, 17 de junho de 2012
The Crying Doll
" Um rosto. O mais, segredos. "
Quanta tristeza esconde seu rosto de porcelana? Seus delicados traços desenhados, tanto boneca quanto mulher. Lolita.. pornografia suave e assustados olhos vazios fixos no nada. Ninguém sabe o que ela pensa, ninguém pode ver através de suas íris cristais de gelo, pois seu interior é um mistério trancado. Seus movimentos são cronometrados e quaisquer fala previamente planejada. Nem o som do vento em seus cabelos soa natural. Seu ofício é o artificial, o falso. De verdadeiro e espontâneo ela de nada tem menção. Mas quem poderia condená-la? Ela, a face de porcelana que presenteia olhos alheios com sua beleza. "Uma Afrodite para almas mortais'', a seta aponta para todos os pontos cardeais, porém jamais para o seu centro. Salvo os aplausos, as lágrimas ocultas. Afinal, quem gostaria de brincar com uma boneca que chora?
sábado, 9 de junho de 2012
Frio como uma montanha norueguesa
Muitos falam sobre as cores e vivacidade da primavera como única e exímia maravilha. Mas, para mim, não há no mundo nada mais repleto de beleza do que a mortalidade do inverno. Talvez não compreendas onde pretendo chegar, mas tenha em mente, caro leitor, que a beleza nem sempre é uma rosa vívida logo exposta a sua frente. Ela também pode ser o interior do tronco de uma árvore seca - feia a primeira vista - , mas dona de um mistério que uma mera rosa jamais terá igual. A árvore seca guarda as marcas dos longos invernos e verões por onde esteve; outrora radiante quanto o sol, agora triste e macilenta quanto uma lágrima numa página. Mas nada se pode afirmar sobre ela. Eu ainda me recordo do dia em que algo ainda mais hiemal do que uma árvore seca me ensinou essa lição. Eis que vi-me diante da gigante enregelada: uma montanha norueguesa. Consciente de seus muitos perigos, poderia dela ter desviado e prosseguido numa tranquila jornada em busca de verdes campos. Porém, logo estava eu dando os primeiros passos verticais rumo ao seu cume. De tão grandiosa, a montanha arranhava o céu com a facilidade com que rasgamos a água calma com nossos dedos, e seu pico era cercado por densas nuvens, impossível de ser visualizado. Afiadas rochas salientavam-se de seus cantos, cada passo naquela criatura era um risco letal. Mas como era bela! Sua neve era tão ávida que parecia intocada por mãos humanas, seu formato era perfeito tal como esculpido por fadas, e o vento gélido que ressoava em seu redor despertava sensação semelhante a de um sonho. O mais belo sonho. Inesquecível. Eu não poderia descrever com palavras a sensação de estar com as mãos fincadas àquele solo nevado. Era como tocar um sonho, a fonte de todos os prazeres, a promessa da felicidade eterna. Eu me devotei àquilo e quis alcançar o cume como se jamais houvesse querido outra coisa na vida. Não existia mais vida, nem tãopouco um mundo lá embaixo; apenas a montanha norueguesa. E mais e mais eu me afogava em fascínio por ela.
E talvez fosse isto o que me impelia a avançar, um passo adiante na montanha, mas ainda assim não havia nem ao menos saído de seu início. Eu estava morrendo. Fenecendo lentamente dia-após-dia. Fome, frio e desgaste. Mas a magia da montanha me impedia de perceber os meses se passarem. Então eu apenas prossegui naquela morte lenta e dolorosa, fascinante. Até que certa vez um cascalho escorregou de meus pés e, pela primeira vez em tempos, pude enxergar além do feitiço: vi-me escalando uma montanha monstruosa de neve cinzenta e sombria. E o vento cheirava à morte. Senti medo, tanto medo. De repente eu não sabia mais o porque de tudo aquilo, o que estava fazendo ali. Eu jamais poderia alcançar o topo daquela montanha sem antes definhar de dor. Foi por isso que eu decidi pular. Mesmo que a altura da queda fizesse de meus ossos pó, seria melhor assim morrer do que tentando escalar um sonho letal. Fascinante.
Assim foi meu meu amante; belo, fascinante, encantador, perfeito.
Mas frio
como uma montanha norueguesa.
O espartilho de todos os dias
Então aperte bem este espartilho e engula suas lágrimas. Esconda a dor, a mágoa e a solidão por trás de um largo sorriso. Ninguém aqui veio para vê-la chorar. Faça-se de forte e finja a superação que nunca veio, como se jamais houvesse derramado suas lágrimas para a noite enregelada. Sorria; você deve exibir seu orgulho. Então aperte bem este espartilho...
sexta-feira, 8 de junho de 2012
With or without you
" Eu posso viver com ou sem você.
[U2]
Porque nascemos e morremos sozinhos e ninguém neste mundo poderia viver por nós. Sua vida gira em torno apenas de você mesmo, este é o centro do seu amplo universo. Não teça sua felicidade à partir de outrém, pois universos alheios têm suas próprias regras e não há como prever a forma como agirão. Tão ágil quanto um relâmpago eles se vão, e sua felicidade nunca existiu. Então comece por si mesmo, pense em primeira pessoa, viva à seu favor. Cuide de si como uma mãe cuida de um filho querido. Não queres ver teu amado prodígio magoado ou afundado em desgraça, queres ? Pois então trates de amar a si mesmo acima de tudo e construir sua felicidade baseada em planos que não envolvem outrém; Porque, nesse mundo, não há ninguém que viveria por nós.
Enfeitiçado.
e agora eu acredito em inferno. "
[The Beatles]
Sob as amarras de uma paixão é onde me encontro há tempos. Teias que suavizam, mas não deixam-me escapar; e quando penso poder tocar o solo com os pés, ela retorna voraz e prende-me pelo pescoço. Então seu sorriso não deixa paz em meus pensamentos, até no mais ínfimo sonho estará. E, no momento mais taciturno, é a lembrança tua que virá assolar-me o cerne e estilhaçar-me o coração. Ainda tenho eu um coração? Ou estaria este sendo carregado, mal cuidado e imundo, em um de seus bolsos? Então talvez o vazio que sinto dia-pós-dia seja apenas a marca da cavidade inabitável, uma vez que levas meu coração contigo. Porém, sei também que ele retorna ligeiro sempre que ouve seu nome, para poder partir-se novamente.
É por isso que noites em claro eu perdi em funções de almejar-te às estrelas, alvoreceres soturnos e o calor de uma lágrima no travesseiro. Cada miligrama d'água recheado de uma emoção diferente. E todas elas me levaram à agonia, à angústia e à eterna solidão. Eu te amei como jamais.. enfeitiçada.. e agora eu acredito em inferno.
" Sinto sua falta como os desertos sentem das chuvas.''
[Shade]
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Tanto medo..
O que eu quero?
O que eu devo fazer?
O que há de errado comigo?
E assim de repentemente eu me sinto tão insegura e só. E eu sinto tanto medo.. E nem para mim, nem para mim mesma eu consigo mais confessar o que tenho em mente. Eu me sinto tão vazia e sinto tanto medo.. Como se temesse estar em um pesadelo, e a noite nunca se vai. Alguém, por favor, me diga o que devo fazer, quais decisões tomar, quais caminhos seguir; se é que hão caminhos. Eu sinto tanto medo.. por favor, me abrace até que a tempestade vá embora. Tudo o que eu preciso é de um abraço quente.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Something beautiful
" Eu não sei o que eu deveria dizer. Você não soube o que teve até me perder, mas nada fere mais do que uma espera. Estou com medo e não estou preparada, sinto-me como se estivesse caindo. Então, você poderia me dizer onde eu errei? Eu fico olhando fixamente para o céu, em busca de uma resposta.. por favor, não deixe esta canção acabar. Olhe para o sol, como eu queria que você estivesse me abraçando agora e também que nunca houvesse dito que seria melhor se você fosse embora. Se está tudo realmente acabado, eu vou de que, uma vez, tivemos algo belo. Eu não quero nunca mais ouvi-lo dizer que seria melhor se fosses embora.''
[Sarah Brightaman]
Uma época sombria da existência
E há quanto tempo eu não sentia essa falta de ar, esse arrepio e essa sensação de claustrofobia que traz a ansiedade. Há quanto tempo eu não recordava sua angústia desesperada, sua agonia atada.. era como tentar nadar para cima com os pés acorrentados à pedras. Afogar-se. Eu me lembro - afinal, como esquecer ? - minutos que não se passavam, horas intermináveis.. e os dias mais longos e tristes a cada manhã. Uma época sombria da existência. O que me levou a crer, naqueles tempos, que sementes depositadas em solo árido e infértil vingariam por milagre ?? Certamente uma época sombria da existência.
" Agora eu vou dizer o que fiz por você: chorei cinqüenta mil lágrimas. Gritando, me iludindo e sangrando por você e você ainda não pode me ouvir. Eu não quero a sua mão, desta vez eu me salvarei sozinha. Eu estou morrendo novamente, eu estou afundando! Fui vencida por você justo quando me aproximava da supérfície. Mas eu devo me libertar, encher meus pulmões de ar. Eu não serei magoada novamente. Talvez algum dia eu acorde sem ser atormentada por isso..'' [Evanescence]
Assinar:
Postagens (Atom)