quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sapatos de veludo vermelho


   A dama caminhou sofisticadamente e seus sapatos de veludo vermelho, mais parecia uma garça, tamanha era sua graça. Segurava com uma das maõs a barra do vestido de seda cerúlea e com a outra ajeitava o penteado. Os longos cabelos escuros e lisos, sedosamente caindo pelo ombro esquerdo. Adentrou o bosque afastando os arbustos com as mãos - agora livres. Agora livre. Tirou os sapatos de veludo vermelho e deixou-os em frente a um robusto carvalho, retirou o vestido de seda cerúlea e dobrou-o com todo o cuidado em cima dos sapatos luxuosos. Sacudiu os belíssimos cabelos e deixou que caíssem como bem quiseram pelo corpo esguio. De vestes íntimas, pos-se a correr liberta por entre as árvores, dançando e pulando em volta das plantas venenosas e serpentes. Gostava do veneno, da perversidade, das aranhas que devoraram seus parceiros tanto quanto gostava dos vestidos de seda e olhares de boneca. Não era mais de um mundo nem de outro, apenas.. podia ser - com perfeição - quem bem quisesse. Este era seu modo de viver.

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