Tão fragilmente, ela abriu os olhos novamente. Porém o que viu a deixou mais triste, pois a sua frente havia um espelho. Fechou-os. Não conseguia encarar-se no espelho, não daquela forma. Mas aquela era agora a única imagem que tinha, a única pela qual ela era reconhecida. Ela já não se lembrava mais se havia algo abaixo daquela. Esfregou o dorso da mão nos olhos e este voltou sujo de maquiagem e lágrimas. Mas nem um pedaço de cerâmica. Cerâmica.. a máscara de todos os dias. Forjada em sua face como ferro. E se olhou no espelho uma última vez; bela. A mais triste das belezas, como uma gueixa que chora a noite na solidão dos seus aposentos, sem seda nem bajulações. Ela mesma, pura.
Tão fragilmente, ela tocou o reflexo. E viu a máscara obscena repetir o gesto. Obscena. Mas, por Deus, ela era só uma criança!
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