" Quanto maior é a armadura, mais frágil é o ser que habita"
[Padre Fábio de Melo]
Havia um homem. E seus medos. E suas mágoas. Para se proteger do mundo em que habitava e tanto já lhe havia tirado, ele foi até a forja e derreteu todos os objetos de aço que encontrou. Moldou, ao seu próprio tamanho e forma, a armadura perfeita; imune a qualquer arma já inventada pelas mãos humanas. Era uma carapaça lustrosa e imponente, fria e bela. Exalava confiança, força. Mas havia um erro (ou seria uma artimanha do seu criador?): um buraco redondo aonde ficaria o peito - o coração - na armadura. O homem o fizera de propósito, pois pretendia por ali uma capsula contendo o mais pétreo gelo, tão frio que o seu toque poderia fazer murchar a pele. Vestiu a armadura. Agora era um homem forte, feito de aço (o material sagrado dos alforjes, que aguenta a fúria das tempestades sem enferrujar e as chamas corrosivas sem se ferir) com um coração de gelo (frio, inalcançável, inabalável). Atrás de sua poderosa armadura seguiu o homem pelo mundo, as estradas e as cidades pelo caminho. Não era mais um homem - com sentimentos e receios - mas um cavaleiro misterioso e inexorável em sua armadura de aço e gelo.
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