sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Outro Lado do Bosque

     

  Uma escuridão abissal lhe caía fúnebre sobre os olhos pesados, o corpo, cansado, já não suportava mais caminhar desnorteado em meio as sombras da infelicidade e a neve enregelada pousava incessante em sua pele desnuda. Mesmo assim ele prosseguia escuridão a dentro, no sombrio da madrugada eterna como um espírito lazarento que marcha pelos bosques de dor, sofrendo. Porém, a certa altura do lúgubre bosque, avistou algo a piscar longínquo, até lá correu na escuridão densa, apesar de toda a dor física: esperança. Era apenas uma lâmpada fraca e defeituosa, mas para aqueles olhos castigados que já até haviam se esquecido da cor da luz, era mais cintilante do que uma estrela. Uma voz gutural e escabrosa sussurrava seu nome por trás das árvores e lhe oferecia uma novo caminho para seguir, um caminho por onde poderia seguir seguro, sem pedregulhos ou neve espessa na escuridão, e lhe ofereceu recompensas. Ele, mais do que prontamente, aceitou sem receiar, e deu um passo a frente, para dentro da luz fraca. Sentiu a energia maléfica e satânica que rondava aquela nova parte do bosque e observou as outras pessoas do local. Todas pareciam ter saído da parte escura, encontrado uma salvação -mesmo que sombria- na outra parte, todos haviam sofrido na vida e todos agora aventuravam-se em uma vida obscura e repleta de erros, mas ainda sim uma vida. Isso bastava, isso compensava todas as barbaridades que deveriam fazer em troca da salvação.
  Quando tudo está perdido, ter um caminho - mesmo que sombrio - para seguir é quase como estar vivo.

Um comentário:

  1. Quem passa pelo mesmo vai entender a mensagem obscura do texto, e vai - como eu - penar-se de si mesmo...

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