quarta-feira, 14 de março de 2012

Meditativo.


Da janela, você observa a chuva a cair por sob os arbustos e camélias. Aquele doce e sereno som do tilintar de gotas como melodia em seus ouvidos. Liláses, as tímidas flores ornam-se de gotículas como pequenos cristais de gelo, ainda mais belas. Prossegue a chuva com sua melodia divina, e você decide aventurar-se em sua pureza; deixando o conforto quente do lar e entregando-se aos encantos da natureza. Está frio. Mas até o frio parece reconfortante agora. Enquanto seus pés tocam as cristalinas poças, seus olhos contemplam o desabrochar das mais diversas flores no jardim. Flores da meia-noite. E a lua é clara e bela como um lírio. Uma noite perfeita.
Após os encantos da madrugada, nasce um suntuoso sol num céu azul índigo. Iluminando as árvores e as cores como uma verdadeira festa de nuances e perfumes. Parece quente agora, uma vez que o egípcio deserto despertou de seu sono gelado. As areias tornam-se cada vez mais volumosas, e suaves como lençóis de veludo. Tocá-las é um convite irrecusável, mas logo estas escorrem pelos dedos. E as horas do dia se passam. Uma fada inteiramente trajada de um fino tecido negro lhe sorri próximo ao óasis, e sopra um pouco de areia em sua direção. Logo esta desaparece juntamente com o deserto. Cobrem o céu os últimos raios acobreados de solário.
Agora você está em um misterioso casebre de madeira, próximo à floresta. Sonhos distante das areias e das camélias. É outono, e delicadas folhas avermelhadas flutuam com o vento, dentro do casebre, para todos os lados. O chão se cobre de pequenos plátanos secos. Um espetáculo para os olhos, um poema para a alma. E ali, no terceiro degrau da escada de madeira de lei, está sentada elegantemente a mesma fada. Desta vez veste um rico vestido cor de cerejeira, e nada lhe cairia melhor. Ela sussurra para o vento e este a circunda com dezenas de folhas. Ela ainda sorri.
Cái a noite de repente, e diante dos seus olhos a fada se levanta e seu vestido cobre-se de um branco gélido. Logo todo o casebre é revestido de neve fofa e angelical. Quanta beleza! E a fada prossegue seu vagar sereno, por entre as árvores secas do quintal, suas pegadas não marcam a neve. Ela se abaixa próxima ao solo e pega um punhado de neve com as mãos. Assopra em sua direção.
Você acorda num sobressalto, ainda maravilhado com o fascínio do sonho. Foi uma noite perfeita.
[Narração do clipe "Only Time" da Enya]


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