Os sinos tocam. Glória à benção das séis, glória à missa das três. Pessoas passam apressadas pelas ruas elameadas de chuva, juntas e apertadas como ovelhas; seguem o mesmo caminho, na mesma direção, na mesma vida medíocre. Tão desinteressantes são suas almas que tais pessoas nem ao menos param para perguntar-se da vida, do mundo ao redor delas, além do que lhes és imposto à face. Há mais do que seus olhos podem ver e seus pés alcançar. Então pergunte para algum curriqueiro passante daquela vila pacata e cordial, se é de seu conhecimento quem entoa aquele soar lúgubre: quem toca o sino da capela. Ele não saberá.
Mas eu bem sei de quem se trata, é uma lenda antiga, porém desconhecida por muitos e até os que desponhem de seu conhecimento duvidam de sua veridicidade. Haha' Mal sabem estes do que eu sei e vi, que estive no alto das torres e com meus próprios olhos testemunhei ele ali: O fantasma da capela.
Ele é um homem de porte, sim! Um terno, sapatos, engomado e uma flor carmim. Mas o cabelo bagunçado, grande, mal cortado, os lábios secos, o olhar mortuário, sem contar-te o odor cadavérico que exalava da pele pálida. Então virou-se para mim e encarou-me, os olhos vazios, e em um quarto de minuto eu pude entender... a solidão naquele ser.