quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Flores no concreto


   E então, após ajeitar suavemente os óculos no rosto, Dr. Duarte voltou-se para mim com o mesmo semblante sereno e afável que eu já conhecia há anos e disse cuidadosamente em sua voz de veludo, como um pai afável tranquilizando um filho assustado:

- Minha cara, me contaste essa história em riqueza de detalhes, mas paraste tu um segundo para repará-la verdadeiramente? Eu só vi brechas, esperanças e acertos; sinceramente... preocupas-te sem nenhuma razão. É essa tua insegurança, teu medo de falhar e baixo-estima que te pendem ao chão. Podes voar, podes planar nos mais distantes céus, mas prefere esconder-se na solidão, o teu 'porto-seguro', pois alimenta a idéia de que lá tudo é certo e acolhedor. Oras! Se cada homem, desde o início dos tempos, se acolhesse no conforto de sua morada por receio do desconhecido, medo de sofrer, este mesmo homem ainda estaria vestindo peles e arrastando suas mulheres pelos cabelos! Minha cara, o que te leva a pensar que não és digna de algo? Que não podes algo?? És muito mais do que pensa, muito mais grandiosa que aquilo que contemplas no espelho. Tente, arrisque, aposte, ponha tudo a perder! E não tenha medo de se machucar, pois se realmente acreditar e tiver fé, tudo vai dar certo. Nascem flores até no concreto..






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