Às vezes acreditamos estar realmente enganando a nós mesmos, além de todos ao redor, porém sempre acontece de, a certa altura, a verdade oculta despencar-nos sobre os ombros como um telhado desabando. Como água corrente, a minha vida se esvai diante dos olhos meus, e eu vejo os anos descerem pelo ralo até os bueiros do passado. Eu perdi preciosos dias e dias como quem vê o esgoto fluir. Talvez até possa-se dizer que eu tentei, e eu realmente tentei, mudar essa situação.. mas à minha vagarosa e covarde maneira, intimidando-me a cada obstáculo. Sou daqueles que desistem antes de entrar em campo, à visão do adversário bem armado, sem ficar para saber se são de pólvora ou festim suas pistolas. Tantas coisas implorei a Deus em minha sacada a noite, poucas vi vingar. Acredito não as ter merecido, ou melhor, não as ter sequer tentado merecer. Eu gostaria de mudar isso, sim, deveras gostaria! Mas necessita essa proeza de uma coragem que não me cabe, de uma força que meu coração não possui e de uma esperança que meu ínfimo já aboliu. Mas muito eu queria, e permanecerei sonhando com o dia em que, no derradeiro suspirar, olharei para trás e não direi que estive sozinha todos os anos da minha vida.
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